SOCIOLOGIA
ApresentaçãoDesde o final Século XIX a Sociologia reivindica sua inclusão como disciplina nos programas de ensino no Brasil.
Inicialmente, como alternativa ao Direito Natural, como quis Rui Barbosa; depois, como conteúdo importante, na reforma pretendida pelo primeiro governo republicano, a disciplina voltou a integrar, nas primeiras décadas do século passado, os currículos das escolas normais e cursos preparatórios – correspondentes ao atual Ensino Médio. Desde então, ao sabor das marés que, histórica e politicamente, atingiram a legislação educacional brasileira, especialmente no que diz respeito ao ensino de Ciências Humanas, a Sociologia avançou e recuou no cenário educacional. Hoje, novamente, o componente curricular reaparece como conteúdo obrigatório do ensino de Humanidades, até então apenas ocupado pela História, pela Geografia e, mais recentemente, pela Filosofia.
O Século XXI nos proporciona um mundo em acelerada mudança, responsável dicotomicamente pela preocupação diante das vivências coletivas, porém repleto de extraordinárias promessas para o que há de vir. Vivemos envoltos por incertezas resultantes das violências institucionais e familiares e pela enorme gama de conflitos e tensões sociais. Além disso, nossas vidas foram diretamente afetadas pela “ destruição criadora” representada pelo contínuo advento de novas tecnologias, responsáveis por influenciar positivamente a vida cotidiana e, contraditoriamente, também ser responsável pelo ataque destrutivo ao ambiente natural. Para além de um enriquecimento pedagógico ou da participação no processo de formação da cidadania, os objetivos da Sociologia podem chegar à esfera da intervenção, à medida que contribui para politizar as relações escolares, transformando o próprio locus vivendi do aluno em objeto de investigação e de atuação coletiva.
Considerada como a ciência responsável por estudar o comportamento humano padronizado e compartilhado, a aprendizagem das relações sociais que a desenham é de suma importância para o desenvolvimento de uma consciência crítica que lhe permitirá galgar maior autonomia intelectual, responsável pela formação cidadã e atuante dos jovens estudantes. O objeto de estudo da Sociologia reside no estudo dos fenômenos sociais que ocorrem nas diferentes formas de relações sociais próprias de cada instituição e dos grupos aos quais pertencemos. Identificar, categorizar e compreender as mudanças que ocorrem nas diferentes instituições sociais, assim como compreender a importância dos diferentes papéis exercidos pelos cidadãos no conjunto da sociedade e que balizam formas de agir e pensar no tempo e no espaço, não é tarefa fácil.
No que se relaciona ao conjunto de disciplinas e conhecimentos que constituem a área das Ciências Humanas no currículo escolar, os “estudos sobre o humano e sua condição moral” estão distribuídos, basicamente, por quatro disciplinas e/ou campos de pesquisa: História, Geografia, Filosofia e Sociologia, todas elas responsáveis pelo estudo do homem em suas múltiplas relações. Obviamente, respeitando-se a especificidade de cada uma dessas áreas, é imprescindível promover a aprendizagem de forma articulada, com vistas a transformar as experiências vividas em experiências compreendidas, a partir do melhor entendimento das relações que os diferentes agentes sociais e as diversas sociedades estabelecem entre si.
Portanto, caberá ao ensino de Sociologia romper com argumentos naturalizadores explicativos das realidades sociais em todas as suas vertentes, responsáveis por considerar os fenômenos sociais desconectados de sua historicidade e, portanto, fruto do senso comum, parte de algo imutável e sem origem. Desta forma é fundamental levar-se em conta a influência resultante das decisões tomadas historicamente de modo a acatá-las como frutos de seu tempo, ou seja, resultantes de razões objetivas e humanas, e não como consequências de tendências naturais.
O fenômenos sociais merecem ser compreendidos ou explicados e esta forma de estranhamento deve descortinar a ealidade para que tais eventos sejam problematizados à luz de análises que deixam para trás o senso comum, muitas ezes responsável por não conservar o rigor original exigido no campo científico.Em segundo lugar, aponta três tipos de recortes, a saber:
conceitos, teorias e temas, assim como privilegia de forma particular a aprendizagem dos conteúdos relativos àsTécnicas de Pesquisa Científica. Por meio da abordagem de temas representativos das vivências coletivas extraídas do cotidiano dos alunos é possível desenvolver competências e habilidades de leitura, reflexão e escrita que, contextualizadas, social e culturalmente, no mundo do trabalho, permitirão a ampliação de um arcabouço vocabular específico da disciplina. Essas questões levam a outra não menos importante: considerar a necessidade de inserir o ensino de técnicas de pesquisa, ferramenta indispensável à iniciação científica dos jovens estudantes das últimas séries do Ensino Médio.
Considerando o exposto e as recomendações propostas pelas Orientações Curriculares Nacionais, sugerimos que o currículo considere os seguintes eixos estruturadores da disciplina de Sociologia para o Ensino Médio.
Cidadania – Para a elaboração desse conceito, é fundamental uma pesquisa que considere as relações entre indivíduo e sociedade; as instituições sociais e o processo de socialização; a definição de sistemas sociais; a importância da participação política de indivíduos e grupos; os sistemas de poder e os regimes políticos; as formas do Estado; a democracia, os direitos dos cidadãos; os movimentos sociais, entre outros princípios.
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Trabalho – O Trabalho é elemento fundamental do conhecimento sociológico, uma vez que o econômico é um elemento estruturador do social. Os fundamentos econômicos da sociedade; os modos de produção; a produção e o consumo; a mercadoria; o capital; a exploração e o lucro; as desigualdades sociais; a estratificação social; as classes sociais; o desenvolvimento e a pobreza; a tecnologia; o emprego e o desemprego; os países ricos e os países pobres; a globalização, etc. representam alguns dos conceitos associados ao trabalho.
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Cultura – O conceito de cultura lembra identidade cultural. Diversidades culturais; ideologia e alienação; indústria cultural e meios de comunicação de massa; tradição e renovação cultural; contracultura; cultura e educação, etc. O conceito de cultura permite uma série de atividades escolares voltadas para a análise do cotidiano. O aluno pode trazer, da comunidade para dentro da escola, diversas manifestações culturais com as quais se identifica. O uso de recursos audiovisuais também é facilitado, porque a televisão e o cinema se constituirão, sem dúvida, em objetos de análise e de debates em sala de aula.
A seguir são apresentadas as expectativas de aprendizagem em cada um dos tópicos. A leitura das expectativas de aprendizagem deve considerar os conteúdos de ensino a que referem.
As expectativas de aprendizagem não pretendem reduzir os conhecimentos a serem ensinados / aprendidos, mas, sim, indicar os limites sem os quais o aluno teria dificuldades para prosseguir seus estudos, bem como participar ativamente
na vida social.
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